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Expandindo horizontes

postado em 3 de out. de 2011, 14:57 por Usuário desconhecido

Assim como a UFVJM, o Jornal Ciência & Tudo está também expandindo seus horizontes. Estamos mudando quase tudo, em direção a uma nova plataforma (no sentido pragmático e filosófico), para um jornal mais interativo, mais bonito, mais presente, mais efetivo, mais organizado, mais... mais... mais...

Expansão é isso, tensa! Ficamos muito tempo sem atualizar. Nossa equipe se modificou. Uns foram embora, Outros chegaram. Um alô bem forte para os que ficaram, boas vindas aos que chegaram, muito obrigado aos que partiram. Mas estamos expandindo. E expansão é mudança. E esse texto, assim solto, alegre, festivo, não esconde os momentos decisivos pelos quais está passando a nossa Universidade. Aqui falamos o que conseguimos apurar sobre o Movimento Estudantil, recém nascido nas entranhas empedradas de Diamantina. Também não nos apartamos de tratar da Expansão da UFVJM.

Estamos trazendo também informações mais antigas, como o fechamento do Ciclo de Seminários do ICT do semestre passado, informações sobre o Desafio Sebrae (as que conseguimos), entre outras notas. Nossos colunistas (e aqui vai meu pedido público de desculpas a eles e seus leitores), publicam textos também antigos, mas não menos interessantes.

A partir de agora o Jornal Ciência & Tudo publicará edições mensais. A próxima já na nova plataforma (tomara!). Estamos em busca de indentidade sim, estamos nos aperfeiçoando, aprendendo com erros, melhorando ainda mais os acertos. Estamos expandindo. E pra finalizar esse boom expansionista, deixo vocês com um excelente (reflexivo e provocador) texto do Prof. Antonio Genilton Sant'Anna sobre a Expansão da UFVJM.


Reflexão acerca da expansão para Unaí e Janaúba

Prof. Antonio Genilton Sant´Anna

 

A divulgação pelo governo federal da criação dos campi de Unaí e Janaúba e o atrelamento dos mesmos à UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, sem que a instituição tivesse previamente aceito tal oferta, foi uma atitude no mínimo precipitada. Como haveria de se esperar, o fato está causando grande alvoroço, haja vista que o mesmo sequer foi acompanhado de esclarecimentos ou mesmo de justificativa.

Assim, pessoas desinformadas acerca dos meandros da Administração Pública, da Política e da Geopolítica, que, no caso, parece estar sendo orientadora nesta fase de expansão das IFES, alvoroçam-se em função da emoção, da ideologia ou mesmo de tacanhos interesses politiqueiros, desprezando a razão.

Faço, então, uma reflexão, que naturalmente não se presta àquele pequeno grupo, barulhento e muitas vezes indelicado, que acredita que devemos formar “pensadores”, “revolucionários”; Que culpa o capitalismo e o mercado até mesmo pelas erupções vulcânicas. Tal reflexão é para aqueles que foram formados para trabalhar, para contribuir, e quando isto não for possível, não atrapalhar. Para aqueles que, na lida enquanto professor/formador, focam seu trabalho nos estudantes que aqui estão com o firme propósito de inserir-se no mercado de trabalho, empreender, fazer a diferença dentro de um sistema que apesar de não ser perfeito, ainda não encontrou substituto. Aqueles que consideram que estão formando seus alunos para o mercado e para a enorme disputa nele existente, começando pelas vagas, onde concorrerão com candidatos do ITA, USP, UFMG, UFV, Unicamp etc. (e talvez Harvard, MIT, UCLA).

Começo por um dos principais motivos da contrariedade: a Autonomia[i] Universitária, ou seja, ao fato de acharem que a dita autonomia foi desrespeitada. Defendo que não foi e dificilmente será. Para entender isso é necessário buscar o significado daquilo que por lei e definição a UFVJM é: uma Autarquia - Entidade de direito público, autônoma em sua atividade técnica ou administrativa, fiscalizada e tutelada pelo Estado, que lhe fornece recursos, e de cujos serviços constitui órgão auxiliar. Os incautos costumam confundir a autonomia que temos com a Autonomia financeira - situação de um serviço cuja gestão financeira é independente daquela da coletividade pública que o criou e controla. Somos tidos e mantidos pelo Estado Brasileiro. É preciso ter a humildade e o bom senso de reconhecer que não temos recursos próprios e que quando surgem possibilidades de se conseguir um pouco destes, através de convênios com empresas, por exemplo, os contrários de sempre são os primeiros a espernearem. Vivem à custa dos tributos gerados por aquelas, mas conveniar-se a elas, jamais.

Então, querer ter a autonomia de criar novos campi, quantos e onde a instituição quiser, como pregam alguns, é, na melhor das hipóteses, uma ingenuidade. Podemos até, como estamos fazendo, nos darmos ao luxo de aceitar ou não um novo campus. Mas há de fundamentar-se muito bem uma recusa, sob pena de arcarmos com as conseqüências do ato.

Outro argumento que está sendo usado por aqueles contrários à expansão é o fato de ainda não estarmos “consolidados”. De fato, ainda não estamos consolidados, mas estamos caminhando a passos largos para tanto. No pouco tempo que tenho na universidade, testemunhei grande avanço. Este é, portanto, um aspecto conjuntural, um retrato instantâneo que mostra uma realidade de curto ou médio prazo. Usá-lo para contrapor um aspecto estrutural, de longo prazo e que irá influenciar ou até mesmo determinar o futuro da instituição, se não for ignorância é tolice.

Há de considerar-se, também, o fato de utilizarmos no nome da instituição, sermos uma universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Ora, se isso fosse verdade estaríamos atuando, também, no extremo sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Somadas, estas regiões representam quase a metade dos referidos vales em termos de área e com necessidades, no mínimo, iguais aos vales mineiros. Ainda como representante da Facsae no CONSU, salvo engano em 2008, expus minha opinião a esse respeito.

Por ter morado muito tempo no Extremo Sul da Bahia, ter participado de uma audiência pública em Teixeira de Freitas, quando estava sendo "escolhida" a cidade onde seria instalado o campus avançado da UFVJM, que acabou em Teófilo Otoni, e por conhecer bem a região, objeto de minha pesquisa no mestrado, defendi a idéia de sermos uma universidade multicampi, nos moldes da Univasf, com atuação nos três estados. Como não houve interesse pela idéia, ao contrário, vários membros do Consu à época manifestaram-se favoráveis a sermos uma IFES somente mineira, penso que o nome de nossa instituição constitui-se, então, em um engodo.

Considero um presente a oferta feita pelo MEC dos campi de Unaí e Janaúba. É uma grande oportunidade. Com ela nossos horizontes mais que dobram. Abrem-se novas áreas para a pesquisa e a extensão, além, naturalmente, do ensino, aspecto fundamental de qualquer IES. Novos recursos serão destinados à nossa IFES, pois, além daqueles destinados exclusivamente aos novos campi, haverá um incremento dos mesmos em função do Cálculo do Aluno Equivalente[ii] (PingIFES), em função dos alunos de fora da sede. Novos cargos e funções serão obrigatoriamente criados e nossa instituição ganhará porte, trazendo-nos orgulho e motivação.

Ao aceitarmos os novos campi, será a hora de negociarmos. Penso que devemos reivindicar os campi de Porto Seguro e Teixeira de Freitas, que estão em nossa área de atuação, além de, em conjunto com as autoridades locais, buscarmos um compromisso do governo federal de atender aos justos e urgentes anseios dos Vales para, pelo menos, mais dois campi – um no Vale do Jequitinhonha e outro no Vale do Mucuri, este, de preferência, no ES.

Sei que minha linguagem é dura, direta, fugindo das formalidades acadêmicas. Peço desculpas. Minha intenção não é a de ofender ninguém. Como expressei na reunião do CONSU, estou aprendendo. Minha pouca experiência em uma IFES, apenas três anos e meio (10% do tempo que estive no “mercado capitalista”), ainda não foram suficientes para tirar de mim o ranço da objetividade e até mesmo certa rudeza, inerentes àquele ambiente.



[i]  Segundo a Profa.Raquel Sapunaru, filosoficamente, Autonomia se opõe a Heteronomia. (Crítica da razão prática ou 2a. crítica de Kant), e não а Economia como, por ignorãncia ou má fé, querem alguns.

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